Candomblé, uma religião acima do bem e do mal I


ATÔTO ABALUAIÊ!
Terminando o mês de agosto, quando repensamos o folclore no Museu de Antropologia, deixo aqui minhas anotações sobre a pesquisa do Candomblé, para que vocês, partindo delas, se aprofundem e se apaixonem por essa cultura negra, que tanto tem a nos ensinar. (Ludmila)

O sincretismo religioso no Brasil, tem uma história, no mínimo bastante incomum e interessante.
O negro africano, ao ser introduzido como mão de obra escrava no país, para trabalhar na cultura da cana de açúcar, do café e na extração de minérios, trouxe consigo todo o universo mítico e místico de seus antepassados. Trouxe sua cultura, costumes, danças, e os rituais aos seus deuses do candomblé, chamados de orixás, para que pudessem sobreviver. Para que pudessem continuar existindo como um povo.
Na época, a única religião permitida e aceita, era o catolicismo, sendo que todo e qualquer culto considerado pagão era expressamente proibido. O negro precisou então criar determinados subterfúgios para continuar a cultuar os deuses de seus antepassados sem provocar a ira e os castigos dos donos dos engenhos. Foram os povos ioruba, da Nigéria, portadores de uma mitologia complexa e altamente organizada, que nos legaram seus mitos. Estes povos eram organizados em estados poderosos, dos quais o mais importante foi o reino de Benin, onde o rei Obá gozava de autoridade absoluta. O reino de Benin foi destruído pelos ingleses em 1896.
A mitologia ioruba concebia um deus superior criador do mundo, chamado de Olorum. Olorum porém não era objeto de qualquer culto. Ele permanecia no céu, não interferindo na vida terrestre. A comunicação entre ele e o mundo profano era feita por intermédio dos orixás, uma espécie de divindades secundárias. A cada orixá cabia uma repartição do mundo, sobre a qual ele reinava. Xangô era o deus do trovão. Ogum da guerra. Oxossi da caça. O mito do nascimento dos orixás, segundo os iorubás é muito interessante, e assemelha-se em sua essência, curiosamente, à mitologia grega.
Á medida que Olorum se afastava da vida dos homens, apareceram dois outros deuses: Abatalá, o céu e Odudua, a Terra. Da união de ambos, nascem Aganjú e Iemanjá..Os dois irmãos se unem e tem um filho, Orungam. Orungam se apaixona pela mãe, e um dia, na ausência do pai, consegue violenta-la. Iemanjá foge aterrorizada, cai, seu corpo começa a se dilatar, dos seus seios jorram duas correntes de água que se reúnem até formar um grande lago. De seu ventre que se rompe, então, saem os orixás, recebendo cada qual sua parte do mundo para governar.(continua)

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    Um pensamento sobre “Candomblé, uma religião acima do bem e do mal I

    1. Parabéns. Gostei muito desse resumo que me clareou a compreensão desse assunto tão difícil que é o candomblé. Realmente, para quem não entende a profundidade e a beleza dos cultos africanos, toda e qualquer manifestação é confundida com macumba…Pedro Henrique Salles Cunha

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