Matriz


Feita de ritmos e vertigens. Feita de cios. Mar primitivo, berço, concha, gruta, mátria.
Longe do ninho és pássaro arisco. Dentro, atenta fera protegendo a cria.
Teus olhos iluminam rotas, desde que te expulsaram do paraíso e te fadaram a parir com dor. Mater dolorosa! Madre milagrosa! Teu corpo é ilha em meio ao oceano, onde se cultiva o trigo que se tranmuta em pão. És leme e bússola. És mar e travessia. Água viva. Shangrilá.
Todas as raças de teu ventre se originam e para ti regressam.
Útero e túmulo. Géa e Maria.
E também Ceres e Deméter. Perséfone e Afrodite, Madalena e Marta. Iemanjá e Oxum! E Aparecida, e de Lurdes, da Conceição, das Dores, dos Prazeres, da Boa Viagem, dos Navegantes, e, principalmente, dos Perdões!
Teu nome pode ser ainda deusa, senhora, fada, feiticeira, moira.
Tua voz é roca, dentro dos sonhos, tecendo a calmaria.
Teu amor é mapa, é rota, ponte e farol.
És exílio luminoso em tempos de batalha.
És arco retesado e a flecha que partiu. És água, terra e ar. És riso e és pranto. És esperança!
Estremeço quando com ternura me empurras para encarar o mundo.
Respiro, choro, me aconchego e sorvo o leite que jorra do teu peito e nutre o meu. Eu te intuo: És minha mãe…És minha protetora!
Dissipam-se então, em mim, todos os medos e, na luz de teu amor, começo a florescer!
(Ludmila Saharovsky, para o jornal Valeparaibano)

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