Jacareí: Tempo e memória

Foto da avó Nicota (Ana Rita Leite Gehrke) gentilmente cedida por Jussara Gehrke

Foto da avó Nicota (Ana Rita Leite Gehrke) gentilmente cedida por Jussara Gehrke

Amigos me estranham. Sumiu porquê?
Sumi não…é que estou em gestação, respondo! Gestando um novo livro que me tem envolvido em seu enredo.
Aliás, estou numa viagem no tempo. No tempo passado. Revisito lugares, me encanto com fachadas de casarões que redescubro e de pessoas que os habitaram. E vou encontrando jardins e sacadas, sentindo cheiros bons de licores caseiros, servidos em varandas ensolaradas ao cair da tarde.
Hoje, estive com dona Nicota, no Botequim do Café, que ela abriu lá no Mercado Municipal, provando seu delicioso bolinho caipira. Gente, que delícia! Recomendo muito o endereço! A receita? Bom…isso é uma outra história! Depois fui à beira de nosso Rio Paraíba conversar com as lavadeiras. “Quanto é pra lavar um cesto de roupas, comadre?” “ A senhora dá o sabão?” “Não! Pode incluir o sabão” “Então é dez tostões a baciada… “ Passo, na volta, na Rua da Biquinha e encho meu cântaro de água cristalina, que ofereço a vocês. Estão servidos?
Ontem comprei massa, na Fábrica de Macarrão dos Lencioni, na esquina dos Quatro Cantos, verdadeiro pedacinho da Itália no coração de Jacareí. Lá estão instalados também os Zonzini, com sua venda de secos e molhados ( o vinho tinto importado, que fica nas cartolas, lá no depósito é fantástico…recomendo!) os Mercadante, os Tarantino, os Perreti, o Scavone, atendendo garbosos cavalheiros em sua barbearia (olhei de soslaio e creio que o Dr. Pompílio estava lá, fazendo a barba!), e mais adiante a família Marino, com seu açougue. “Tutti Buona gente!”
Daqui a pouco, vou me arrumar para ir à Estação, ver o trem passar…Quem sabe vejo aquele rapaz simpático que sempre vai à Capital, e, me acena da janelinha…E, à noite, não posso perder a apresentação da Orquestra Sinfônica dirigida pela maestrina, dona Dionisia Zicarelli. Estão vendo como tenho ocupado meu tempo?
Então, se quiserem encontrar-se comigo, é só ir até a Rua Direita, que, com certeza irão me achar…ou ir até o Beco do Caranguejo! De lá, no Morro do Marreli é um pulinho!
Até mais, amigos!
(Ludmila)

PS. Esses e outros personagens estarão contando suas histórias sobre Jacareí, e dando mil e uma receitas deliciosas nesse livro que escrevo…mas, só para abrir seu apetite, aí vai a receita do licor de leite, do “Diário de 1946” de Dona Cida Cortez.

1 litro de leite, 1 garrafa de álcool de cereais, 1 kilo de assucar, 2 favas de baunilha, 2 pares de chocolate, rodelas de limão.
Depois de fervido o leite junta-se o álcool, assucar, o chocolate ralado e a baunilha em pedaços; por último as rodelas de limão. Deixa-se em infusão 9 dias, mexendo-se todos os dias. Passa-se em escossia e filtra-se.
Gostaram? Pois no livro terá bem mais…Aguardem!

    

    Meu próximo livro: Jacareí – Tempo e Memória

    Assinando o Contrato com a JTU na Fundação Cultural de Jacareí, com Eleni Garcia

    Assinando o Contrato com a JTU na Fundação Cultural de Jacareí, com Eleni Garcia

     Primeira reunião com a equipe de produção no Instituto Sapucaia: Eu, Daniele Joukahadar, diretora de arte da Elemento de Comunicação, responsável pelo projeto gráfico do livro, Malu Santiago e Paulo Carvalho, responsáveis pelo web design do blog

    Primeira reunião com a equipe de produção no Instituto Sapucaia: Eu, Daniele Joukahadar, diretora de arte da Elemento de Comunicação, responsável pelo projeto gráfico do livro, Malu Santiago e Paulo Carvalho, responsáveis pelo web design do blog

    A primeira reunião foi no espaço Sapucaia, de Bia Borrego, em pé, na foto.

    A primeira reunião foi no espaço Sapucaia, de Bia Borrego, em pé, na foto.

    Jacareí Tempo e Memória

    A História Oral é uma metodologia muito usada em pesquisas históricas e sociológicas. Ela começou a ser utilizada nos anos 50, após a invenção do gravador, nos Estados Unidos, na Europa e no México, e desde então difundiu-se bastante. Ganhou cada vez mais adeptos, ampliando-se o intercâmbio entre os que a praticavam: historiadores, antropólogos, cientistas políticos, sociólogos, pedagogos, teóricos da literatura e psicólogos, dentre outros. No Brasil, a metodologia foi introduzida na década de 1970, quando foi criado o Programa de História Oral do CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de Historia Contemporânea do Brasil – Fundação Getúlio Vargas. A partir dos anos 1990, o movimento em torno da história oral cresceu muito. No mundo inteiro é intensa a publicação de livros, revistas especializadas e artigos sobre história oral. Há inúmeros programas e pesquisas que utilizam os relatos pessoais sobre o passado para o estudo dos mais variados temas.

    As entrevistas de história oral são tomadas como fontes para a compreensão do passado, ao lado de documentos escritos, imagens e outros tipos de registro. Caracterizam-se por serem produzidas a partir de um estímulo, pois o pesquisador procura o entrevistado e lhe faz perguntas. Além disso, fazem parte de todo um conjunto de documentos de tipo biográfico, ao lado de memórias e autobiografias, que permitem compreender como indivíduos experimentaram e interpretam acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da sociedade em geral. Isso torna o estudo da história mais concreto e próximo, facilitando a apreensão do
    passado pelas gerações futuras e a compreensão das experiências vividas por outros.

    Poucos autores produziram livros históricos e de memórias coletadas sobre as pessoas, na cidade de Jacareí e da região do Vale do Paraíba. Uma região rica por suas histórias políticas e sociais, por sua localização geográfica e pela riqueza natural, o Vale do Paraíba é cheio de significados e símbolos, causos e histórias. Marcas de gerações e processos de urbanização e aculturamento. Berço do caipira e dos barões de café que muito contribuíram para a identidade dessa comunidade pesquisada.

    Muitos desses personagens entrevistados já faleceram, assim, sou a única a ter posse deste rico material.
    O período que se abrange é do século XX (1.900), passando pela revolução Constitucionalista (1932) e finalizando com a II Guerra Mundial (1939/1945). Alem das historias orais, o livro contará com documentos e fotografias de acervo pessoal, cedidos pelos entrevistas e seus familiares e do Arquivo Publico Municipal. Serão realizadas transcrições de informações compiladas do Annuario Historico Literário de Jacarehy, organizado por Theophilo de Almeida e Costa Braga, em 1906 (Obra Esgotada) e também do livro Historia do Gimnásio Nogueira da Gama, editado em 1902 por Antunes da Costa, também esgotado. (Ludmila Saharovsky)

    Discutindo as primeiras propostas para a identidade do Blog agora também com Vanderci Chelucci, produtora do projeto

    Discutindo as primeiras propostas para a identidade do Blog agora também com Vanderci Chelucci, produtora do projeto

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