Patagônia: Rutas del Fin del Mundo

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Crónica de viagem

“A Patagónia é um mito, foi e será território alimentador de mitos. Para mim, até o dia da minha primeira incursão, foi sempre território imaginário, tão distante, misterioso e intangivel como o Grande Deserto da Austrália ou a Ferrovia Transsiberiana, com alguma aura mal afamada de Velho Oeste, isto é: natureza em estado bruto, terra de ninguém, terra sem lei, arrancada aos povos autóctones ao custo de desmedida truculência. E com uma história escrita pelos vencedores. Há muito tempo eu sentia uma espécie de “chamamento”, e à medida que fui me internando no território que o espelha, o das narrativas, entendi que esse “chamamento” impulsionou todos os que baixaram a estas terras inóspitas. Como diz Guillermo Saccomano, ensaista argentino (Narrar al sur) exploradores espanhóis e holandeses, naturalistas ingleseses e franceses, religiosos italianos, colonos galeses, estrategas argentinos e milionários norte-americanos parecem ter coincidido, ao longo de quase cinco séculos, de que ali está o que buscavam: um lugar estratégico, a chave para desvendar uma charada científica, um recurso natural e uma beleza extasiante que vão se extinguindo no resto do planeta, uma Cidade Encantada, na qual abunda o ouro, e também certa ideia da vida eterna, que já não espanta mais ninguém.”

Por Frederico Füllgraf
imagens do fotógrafo jacareiense Jarbas Mattos
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