Gulag

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Assistam a essa interessantíssima entrevista da jornalista Anne Applebaum, vencedora do prêmio Pulitzer de não ficção de 2004, com seu livro Gulag. Em seu prólogo ela escreve algo assustador:

“Este livro não foi escrito para que tais fatos não se repitam novamente. Ele foi escrito porque, com certeza, eles se repetirão.” Anne Applebaum

Meu livro, Tempo Submerso, conta um trecho da história dos Gulag Soviéticos, focando, principalmente, o primeiro deles, localizado no Arquipélago de Solovki. Muitos interlocutores, nas diversas palestras que fiz sobre o assunto, contestaram dados, argumentando que não existem estatísticas oficiais sobre o número de mortos e as barbaridades cometidas no período Stalinista. Muitos continuam simpatizantes desse socialismo, num desconhecimento fragoroso da História dos Gulag e suas trágicas consequências.

Cada vez mais eu acredito que desconhecimento histórico nos induz à repetição dos mesmo erros.
Muito mais que isso, a história nos atesta que, desde os anos 20 o Ocidente sabia sobre a organização destes Campos de Trabalhos Forçados, que explorava até a morte milhares de seres humanos, e nada fez. Os políticos sabiam, os intelectuais sabiam, os jornalistas sabiam, mas…os exemplos de barbárie do novo regime socialista, que prenunciava um belo futuro para a humanidade, foram mascarados por todos eles, em nome de uma ideologias que, infelizmente, até hoje sobrevive em muitos países e prossegue sendo admirada! O fato é, realmente, assustador. Quando se levanta uma bandeira, com completo desconhecimento histórico, aos mesmos fatos se repetem. Indefinidamente… (Ludmila Saharovsky)

Para quem quiser ler o livro de Applebaum:
http://www.libertarianismo.org/livros/aagulag.pdf

    

    Civilização Hiperborea Arktis em Solovki?

    No primeiro capítulo do livro *O Anticristo, de FRIEDRICH NIETZSCHE lemos:
    “Olhemo-nos de frente. Somos hiperbóreos – sabemos assaz como
    vivemos à parte. «Nem por terra nem por mar encontrarás o caminho
    para os hiperbóreos» – como já de nós dizia Píndaro. Para além do
    norte, do gelo, da morte – a nossa vida, a nossa felicidade… Descobrimos a felicidade, sabemos o caminho, encontramos a saída de milénios inteiros de labirinto. Quem mais a encontrou? O homem moderno talvez? «– Não sei sair nem entrar; sou tudo aquilo que não sabe nem sair nem entrar» – lamenta-se o homem moderno… E é dessa modernidade que adoecemos.”

    Solovietskie Ostrova, carinhosamente chamado pelos russos de Solovki, é um pequeno arquipélago encrustado no Mar Branco, no extremo norte da Rússia, próximo ao Círculo Polar Ártico. Quando eu lá estive, há dez anos atrás (o tempo voa!) conversando com arqueólogos, que faziam escavações nas valas no entorno dos templos, em busca dos cadáveres do Gulag, eu ouvi pela primeira vez a palavra “guiperbórea” ou Hiperbórea. Explicaram-me eles que se tratava de uma antiga civilização que floresceu “para além do Mar do Norte”. Essa antiga “Tradição do Norte”muito presente, ainda, na cultura ancestral russa segue protegida pelo frio intenso e pela neblina do tempo, atiçando a nossa imaginação e nos oferecendo provas materiais, que nem sempre temos capacidade de entender.

    Reportando-nos à mitologia grega, ficamos sabendo que os Hiperbóreos eram um povo milenar que vivia no extremo norte da Grécia, próximo aos Montes Urálicos. Sua terra, chamada de Hiperbória – do grego ύπερ, hiper, “super” ou “além” e βόρεια, bóreia, “norte” traduzido como “além do bóreas”(bóreas, o vento norte) – era perfeita. Os gregos pensavam que Bóreas, o deus do vento norte, vivia na Trácia. A Hiperbórea era uma nação desconhecida, localizada na parte norte da Europa e da Ásia, próxima ao Polo Norte, que na época, conforme podemos observar em antigos mapas, não era coberta pelo gelo, como apresenta-se agora.
    Nos mapas gregos do período de Alexandre, o Grande, a Hiperbórea – mostrada por vezes como uma península, por vezes como uma ilha, era uma das muitas terrae incognitae nos mundos grego e romano da antiguidade.

    Plínio e Heródoto, bem como Virgílio e Cícero, relataram que nessa terra, onde o sol jamais se punha, as pessoas atingiam idades de mil anos e gozavam de vidas em completa felicidade. Também Hesíodo e Homero mencionam os hiperbóreos em seus escritos, descrevendo-os como os pais da raça ariana.

    Em Solovki fiquei sabendo que no início do sec. XX houve uma expedição patrocinada pela Sociedade Geográfica Russa, em busca de vestígios desse povo, que perdeu-se entre as geleiras. Outra expedição partiu de S. Petersburgo, em 1922 sob o comando do biólogo Alexander Barchenko, que também não obteve êxito, mas, Barchenko escreveu em seu diário que encontrou inúmeros objetos ligados ao “culto do homem do período megalítico” no local onde imaginava que se localizaria Hiperboria. Suas anotações foram confiscadas pelos órgãos de segurança do governo Stalinista, e quase todos os participantes de sua expedição morreram nos terríveis anos da repressão em massa. O próprio Barchenko foi executado em 1938.

    Mais recentemente, em 1986, a historiadora russa PHD, Svetlana Zharnikova, estudando mapas ancestrais bem como a remota escrita ariano eslava e comparando nomes de cidades do Nordeste russo com as antigas lendas, relatos folclóricos e historias ainda presentes no imaginário de seus habitantes, localizou a lendária cidade num espaço contido entre o Norte e o Sul do Mar Branco, tendo como limites no leste oeste os Montes Urais e a Escandinávia.
    Sim! Exatamente nesse espaço localiza-se o Arquipélago de Solovki, corroborando um antigo ditado russo que diz: “lugares santos nunca perdem a santidade”.

    Solovki, com seus labirintos de pedra da idade neolítica, com seus monumentos e cemitérios ancestrais, recebeu, no sec XIV um complexo de monastérios, construídos por monges peregrinos. Já no século passado, nos anos 30, Solovki foi escolhida para a instalação do primeiro Gulag do regime soviético, onde foram assassinados centenas de milhares de cidadãos inocentes, após a carnificina perpetrada por Stalin e seu regime de terror. Hoje, neste solo recheado de cadáveres, novamente respira-se o Sagrado. Quem vai a Solovki, não volta o mesmo. A ilha é imantada por uma energia difícil de descrever e voltou a receber peregrinos que lá chegam em busca de alimentos para a alma!


    A descoberta, no ano 2.000, de um santuário dedicado ao Dom de Deus, no maior patamar megalítico de Khibiny (As Montanhas Khibiny se encontram dentro Península de Kola , que se estende do norte da Rússia para os os Barents e o Mar Branco. A área total da península é de aproximadamente 100.000 quilômetros quadrados) vem corroborar essa hipótese, de Solovki ser um fragmento desse imenso continente desaparecido de Hiperborea Arktis.
    Eu creio, sem sombra de dúvidas, que inúmeras civilizações nos precederam nesse longo caminho da Evolução Humana, e inúmeras civilizações surgirão no futuro.
    No decorrer dos séculos muitas perguntas foram feitas e muito poucas respostas encontradas, ou melhor dizendo: reveladas. Documentos importantes, como os de Barchenko, prosseguem confiscados, criando poeira em arquivos trancados pela ignorância ou pelo medo à reação às suas descobertas. Mas, os mitos, as lendas e novos pesquisadores estão aí, convidando-nos a desvendar, compreender, compartilhar e mergulhar na História da Antiguidade, buscando entender nossas origens. Cabe-nos aceitar esse convite e mergulhar de cabeça nessa, que se constitui, a maior de todas as viagens: a do conhecimento de quem somos e de onde surgimos! (Ludmila Saharovsky)
    * http://www.lusosofia.net/textos/nietzsche_friedrich_o_anticristo.pdf

      

      Tempo Submerso

      Pessoas queridas!
      Lanço meu livro Tempo Submerso, a princípio, no Vale do Paraíba, agora nos dias 12 de maio em Jacareí, e em 17 de maio em São José dos Campos. Publico para vocês, a capa e o convite. Ficarei muito feliz em recebê-los e abraçá-los! (Ludmila)

      Capa Ludmila_Tempo Submerso

      Parte I

      Solovietskie Ostrova

      Estou absorta na pequena embarcação balançando sobre as ondas do Mar Branco.
      O vento intermitente e úmido me fustiga. É verão, mas a temperatura de oito graus me obriga a enterrar a cabeça no gorro de lã grossa e a proteger o rosto com o capuz do sobretudo enquanto observo o ocaso naquela madrugada clara, sob o Círculo Polar Ártico. Uma luz difusa ilumina a noite e a transforma num cenário raro. Mal o sol se põe e já se levanta. Assim, dia e noite não se delimitam, ao contrário, alternam-se, sem o contraste de luz e trevas a que estou acostumada. Este espetáculo me fascina: Noites Brancas.
      Percebo que alguém me observa. Viro e vejo, envolta pela neblina, uma mulher que aparenta ter a minha idade. Ela também está só naquele tombadilho. “Vem com os romeiros?”, pergunta. “Não. Não sou peregrina. Venho à procura de meus mortos”, respondo. Ela balança a cabeça num sinal de que entende a razão de eu estar ali. “Mas você não parece russa!”. Sorrio. “E você, vem a passeio?” “Também não. Trago a minha mãe. Ela busca a sepultura de seu pai. Parece que ele foi executado na ilha.” Fitamo-nos, depois, o mar. Assim ficamos em silêncio por algum tempo até ela apontar para uma luz que lentamente se materializava no horizonte: Solovki.
      Meu corpo estremece e a emoção me paralisa em meio à neblina que tão pouco revela. O pequeno espaço é tomado pelos viajantes. Todos querem ter a primeira visão reveladora do arquipélago. Mais um pouco e as cúpulas arredondadas e brancas do Monastério Ortodoxo despontam delineando aquele espaço santo, onde sob o domínio dos Bolcheviques, em 1920, instalou-se o primeiro e o mais temido Gulag soviético. Comoção. Algumas mulheres, com lenços coloridos na cabeça, fazem o sinal da cruz. Outras apertam as mãos sobre o peito. Os homens fumam. Pigarreiam. Tiram fotos. O barco balança muito em meio às ondas vigorosas. Há passageiros que passam mal. O capitão abre caminho e joga as grossas cordas para os marujos que já o aguardam no cais. O alvoroço se instala. Cada um se prepara para deixar a embarcação. Atracamos. Olho o relógio. São três horas da manhã. No mastro, o ícone de São Nicolau sobressai em cores fortes. (Ludmila Saharovsky)