Silêncio


Silêncio.
Nutro-me do silêncio.
Mergulho em suas profundezas, onde águas abissais envolvem-me e me sustentam com suas liquefeitas asas.
Algas, medusas, corais e seixos compõem este cenário suspenso, enquanto milhares de olhos me espreitam e brilham feito estrelas, feito nebulosas na calma imensidão do Eterno. Tudo se reduz ao lento exercício de intuir o além, que se estende e se alonga, infinito…
Silêncio.
Nenhuma voz a me enviar mensagens, nem som algum, qualquer aragem. Apenas essa cor azul cobalto, que me embala com suas ondulações mornas e lenientes.
E, de repente, uma pedra atirada rompe o encanto. Rompe os círculos concêntricos do útero marinho que me contem, que me isola nesse breve instante no qual concentra-se a existência.
Um ruído oco e tudo se desfaz!
Meu grito rompe o silêncio, enquanto o útero do tempo me devolve à vida!
(Ludmila)

     

    Reflexão


    (foto de Nicolas Valentin)
    Quem sou eu? Ninguém mais se define como a energia que permeia a forma. Ninguém se reconhece como a semente que se fez corpo composto por terra, fogo, água e ar. Por luz, cor e fantasia! Não! Isso é tão pouco! Hoje tornamo-nos, todos, reféns de substantivos que nos nomeiam. De adjetivos que nos qualificam. De frases que nos ampliam e corrompem, e de discursos vazios que não nos levam a lugar algum, só nos confundem! (Ludmila Saharovsky)

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