Pedra da Memória

pedra
“Acordar não é de dentro.
Acordar é ter saída.”
(João Cabral de Melo Neto)

Tudo dorme. Em mim tudo dorme: veias, nervos, poros, linfa.
A noite encantou meus olhos quando a primeira estrela fixou-se nas retinas.
A noite apossou-se de meu corpo e em ondas inundou-me de silêncio. Este, criador, onde tudo germina.
E o tempo regressou da Eternidade e trouxe consigo a pedra da memória que se fechou, impenetrável, sobre o meu plexo.
Alguém decifrará minhas cantigas, minhas palavras de amor e de alegria? Meus sonhos, fantasias, meus delírios?
Caminho na noite com a pedra da memória imersa em meus ossos. Eu, seu fóssil. Eu: a pedra, a memória e a rota. Eu: o silêncio, a noite e o norte.
Tudo que é vivo dorme em mim. Tudo dorme.
“Acordar é ter saída?”
(Ludmila)

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