Se for possível, manda-me dizer

Se for possível, manda-me dizer:
– É lua cheia. A casa está vazia –
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
– É lua nova –
E revestida de luz te volto a ver.
Hilda Hilst

Está frio em Niterói. Frio, cinzento, chuvoso…
Assim, só mergulhando na leitura e no cinema para distrair a alma.
Recorro então a Hilda Hilst, essa mulher que sempre me inspira, me leva a outras paragens, me faz ver a vida sob ângulos inusitados, sob os ângulos da poesia, e cuja escrita partilho, hoje, com vocês!
Ontem revi um filme de que gosto muito: “Amor e Inocência”, baseado na vida da escritora britânica Jane Austen, que, em 1705, desafiou a sociedade classista, renunciou ao amor e também à vida de fausto que um casamento de conveniência lhe proporcionaria e decidiu viver de sua escrita.
Jane Austen é autora de sucessos como: “Orgulho e preconceito”, “Razão e sensibilidade”, “Emma”, “Mansfield Park”, e retrata em seus romances, as inquietações da alma feminina, numa época em que a mulher que pensava e ousava seguir seu próprio caminho, era vista como uma espécie de pária da sociedade.
Penso em nós, mulheres, em nossos sonhos, nossas angústias, nossas conquistas, nossos desafios…Penso e me aquieto! Ainda bem que nasci neste século! Nascesse em 1.700 e seria excomungada da sociedade. Que bom que existiram mulheres como Jane Austen que nos indicaram tantas outras possibilidades. Que bom! (Ludmila)

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