* Mas, será o Benedito?

Como diria Monsieur de la Palisse, temos que saber com quantos paus se faz uma canoa, pois que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Como até aí morreu Neves e quando um burro fala o outro abaixa as orelhas, se conselho fosse bom, ninguém dava de graça e nem tentava ensinar o Pai Nosso ao vigário. Cada qual sabe muito bem onde é que lhe aperta o calo e quem avisa, amigo é: cuidem para que ninguém os pegue com a boca na botija: nem sempre a galinha do vizinho é mais gorda que a sua, e, quando se pensa estar com a faca e o queijo na mão, mais fácil fica dar-se com os burros n´água e sair com as mãos abanando. Quanto maior o salto, maior a queda, assim, chegue-se aos bons e serás um deles. Se, no entanto, cair em tentação, dance conforme a música e jamais dê com a língua nos dentes e nem nome aos bois. Em boca fechada não entra mosquito e segredo contado, é segredo espalhado, por mais que roupa suja só se lave em casa. Tenha sempre em mente que a ocasião faz o ladrão e que há algo de podre no Reino da Dinamarca, todos estamos cansados de saber…de nada adianta tapar o sol com a peneira. Dizem que o que os olhos não vêem o coração não sente, mas coelho casa com coelha, não com ovelha, cada macaco no seu galho e, à noite todos os gatos são pardos. Hoje dou a mão à palmatória: para quem traz barriga cheia, toda goiaba tem bicho, e, boa coisa não há de ser, se passarinho não cisca. Como na vida nem tudo que reluz é ouro, quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré. Mas, desde que Benta fiava, comenta-se que Deus só dá asas a quem não pode voar e passarinho sozinho, não faz verão. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura! Quem burro vai a Roma, burro vai, burro vem e por mais que se disfarce, deixa sempre as orelhas de fora. No entanto, é bem melhor ser burro vivo do que sábio morto, falou Alceste complementando: Cão que não pode morder, não deve arreganhar os dentes. E como eu não estou aqui para dar nome aos bois, só lhes digo que filho de peixe, peixinho é, e a filha da onça traz pintas que nem a mãe. Mas, para que não fiquem com a pulga atrás da orelha, saibam que o pássaro de tanto conviver com o morcego, acabou dormindo de cabeça para baixo…Como o diabo quando descansa acaba amolando as moscas com o rabo e gato escaldado tem medo até de água fria…homem velho e mulher nova…ou corno, ou cova! Feitiço sempre pode virar contra o feiticeiro e depois, além do coice, a queda! Deus é grande, mas o mato é maior e como seguro morreu de velho, é bom a gente não enfiar o rabo por entre as pernas: Quem com cães se deita, com pulgas se levanta, ou você nunca ouviu dizer que duro com duro não faz bom muro e formiga quando quer se perder cria asas? Agora, como tudo que é demais enjoa e em terra de cego, quem tem olho emigra, vou encerrando este conto que aumentei um ponto, lembrando a vocês que bom cabrito não berra, promessa de feijão não enche barriga, raposa que dorme não apanha galinhas e boi lerdo só bebe água suja. O que nos conforta é saber que mesmo que o galo não cante a manhã sempre rompe e depois, a fortuna é vária, hoje a favor, amanhã contrária. E vamos em frente, que atrás vem gente! (Ludmila Saharovsky para o jornal Valeparaibano)
*Todos os provérbios que contem esta crônica foram retirados do “Dicionário Brasileiro de Provérbios” de R. Magalhães Júnior. E tenho dito!

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    4 pensamentos sobre “* Mas, será o Benedito?

    1. Gostei demais dessa crônica que você escreveu usando ditos populares. Vou utilizá-la com meus alunos, em sala de aula. Parabéns! Abraços! Professora Regina Antunes

    2. Óbrigada, Regina, obrigada, Ju! Há tantos provérbios que dá até para escrever uma história…e todos eles tão apropriados! Ah! A cultura popular…Beijos!

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