Candomblé: Uma religião acima do bem e do mal. III


ODOIÁ IEMANJÁ!
Povoado por entidades espirituais conhecidos como vodum-nagôs, os orixás africanos são uma espécie de espíritos que habitam em nós, que nos comandam, como se fossem a nossa alma. Eles são os pais e as mães de nosso corpo. O orixá deixa sempre uma profunda marca espiritual em seu filho. Por exemplo, os filhos e filhas de Ogum são pessoas briguentas, mandatárias, displicentes no vestir. Já os de Oxum são amorosas, tenras, carinhosas, vaidosas. Os filhos de Ossãe são firmes em seus propósitos, calados,observadores e desconfiados. Os de Abaluauê, nascem sempre com uma marca física.
Espíritos do bem, os Orixás tem como contra posição energética os Exus, que, erroneamente foram por alguns estudiosos associados com o nosso demônio.
Na verdade, os Exus aparecem na cosmologia ioruba, como os senhores dos caminhos, funcionando como verdadeiro Mercúrio dos deuses gregos. São eles que levam nossos pedidos aos ouvidos de Olorum e trazem as suas mensagens divinas. É porisso que ao iniciar-se uma sessão, canta-se primeiro para o Exu, pois sem ele, os orixás não nos ouviriam, e não nos ouvindo, não poderiam vir em nosso auxílio. Exu é sempre o primeiro a ser lembrado porque ele é o dono dos caminhos, o habitante das encruzilhadas, o regulador do equilíbrio do mundo. É ele quem abre as portas de comunicação com Olorum e as fecha, segundo a sua vontade, porisso possue este caráter malicioso. Os assentamentos dos Exús são feitos na tabatinga ( barro), em ferros que são depositados em vasilhames com outros apetrechos mantidos em segredo que não pode ser revelado aos profanos, e colocados do lado esquerdo do portão de entrada da senzala.
A Pomba-gira, vem a ser a escrava dos orixás femininos. As oferendas que recebem são galos, pombos, bodes, cabritos, farofa de mel e dendê, cachaça e muitos charutos
Sob a influência do catolicismo, as divindades africanas só puderam sobreviver sincretizadas com os santos cristãos, e algumas vezes bastante deturpadas, pois que o exu passou a ser representado como o demônio, com chifres, rabo e tridente de ferro, uma figura altamente assustadora e temida.
É preciso que se diga que a concepção africana do bem e do mal é totalmente diferente da nossa concepção ocidental. Um orixá poderá praticar tanto o bem quanto o mal, ou melhor, estes conceitos não tem valor dentro do pensamento africano.(Ludmila Saharovsky)

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    3 pensamentos sobre “Candomblé: Uma religião acima do bem e do mal. III

    1. oi Lu,

      como vc sabe, meu irmão Eduardo é do Candomblé, ele leu seus textos e comentou comigo que Candomblé não é culto e sim religião.

      recomenda a leitura de Aulo Barreti
      Não é cientista, é religioso, mas escreve com propriedade porque é um pesquisador antropológico. Um antropólogo religioso, digamos.

      beijo
      Ju

    2. Obrigada, Ju, pelo esclarecimento tão proveitoso. Realmente, culto é uma celebração dentro de uma determinada religião. Obrigada também pelas indicações. Creio que elas serão muito úteis para os que quiserem se aprofundar nesse assunto apaixonante! Beijão procê e para o Eduardo!

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