Então, tudo começou por aquela levíssima embriaguez de troca de palavras.
Matéria de memória ancestral, as palavras eram a alegria extrema, como a sentida quando se sacia a sede com água fresca que jorra da fonte.
Água viva eram aquelas palavras, remetidas, consentidas, raras, que se transformavam em frases, sentenças, enredos, confidências, promessas.
Eram água rara, aquelas palavras: claras, diziam mais nas entrelinhas; metafóricas induziam ao pensar; intuídas remetiam ao falar, ditas, criavam sonhos e fantasias.
Mas, na fala às vezes se perdiam, escapavam no fôlego, no alento. Diluíam-se porque a distância impedia-os de sorve-las, de interioriza-las, de recolhe-las feito flores num cesto, feito pássaros no alçapão, feito peixes na rede, feito memórias num livro.
Ah! Caprichosas as palavras, delicadas, doces, escorriam pelo texto feito mel, às vezes. E outras, ditas, criavam armadilhas de desassossego.
O fato é, que eles foram seduzindo-se pelas palavras, tanto, que hoje não conseguem delas prescindir, assim, vivem enredados um no outro, à espera de que essa escrita nunca se rompa, nem se esgarce…(Ludmila Saharovsky)
words are really intoxicating. sartre called his childhood reminiscences 'words'!
Adorei conhecer seu blog, estarei sempre aqui…
reginadecoupage.blogspot.com
Beijos…