Pedras peregrinas (trecho do livro Tempo Submerso)

“O espírito dorme no reino dos minerais; respira no reino dos vegetais, sonha no reino dos animais e desperta no reino dos homens.”
(ensinamento da Escola dos Mistérios Druidas)

Meu fascínio por pedras vem desde sempre. Gosto de ve-las. Gosto de tocá-las. Conhecer sua origem. Aprendi a admirá-las com o avô. “São os ossos da terra” me dizia.
“Elas retêm em seus veios a vibração dos lugares, a memória do tempo.” “O único meio para o estudo do verdadeiro modelo da evolução em qualquer intervalo de tempo, é através dos restos da vida do passado, conservados nas rochas sedimentares, através dos fósseis.”

“Utilizando gigantescos monólitos, colocados em pé e alinhados de forma precisa com as estrelas, o homem construiu seu primeiro calendário celestial e começou a medir o tempo.”

“Nas pedras foram gravadas as primeiras pinturas rupestres, e, posteriormente, também, as leis de Deus.”

“Elas são capazes de reter a energia dos fatos. Nelas, a história da humanidade permanece registrada de uma forma indelével e imutável. Num pedaço de monólito de basalto negro, conhecido como Pedra de Roseta, trazido do Egito por Napoleão encontrava-se a chave para a descoberta do significado dos hieróglifos.”

“O homem começou sua evolução num período chamado da pedra lascada, depois polida. Ela constituiu-se em sua primeira ferramenta, primeira arma, primitivo adorno, primeira moradia e também no derradeiro marco para sua sepultura.”

O avô adorava o estudo da geologia e da história. Debruçava-se sobre livros antigos, fazia inúmeras anotações em seu caderno, que depois, me repassava.

“Os antigos pensadores, imaginavam que as pedras, assim como as plantas, eram geradas e, em virtude de seu poder seminal, cada espécie reproduzia a si mesma e assim se mantinha intacta e perfeita” (Schweiger in De ortu lapidum, escrito em 1665)

“A alma das pedras é latente e semelhante à alma vegetativa”. Quando se afirma que os minerais são corpos inanimados, isso não deve ser interpretado de modo absoluto, mas sim por comparação” escrevera Alsted em 1649.

“Sob a crosta terrestre, segundo teoria sustentada entre outros, também por Georg Agricola, circula em forma líquida um succus lapidificus (suco petroso) ou então uma áurea petrifica em forma gasosa que transforma várias substâncias em pedra”.

“No livro De Sensu Rerum ( Sobre o sentido das coisas) de autoria de Tommaso Campanella em 1620, está registrado que a Terra é concebida como mater, como animal vivente do sexo feminino e dentro dela vegetam as pedras e os cristais. Os químicos antigos ou alquimistas, acreditavam que as pedras possuíam a capacidade de crescer, de multiplicar-se e que continham em si propriedades magnéticas de cura.”

“Para os romanos, a esmeralda simbolizava a vitalidade cósmica e a fertilidade; para o islamismo é o símbolo da esperança e da vida eterna. Na Idade Média, a pedra verde era associada ao demônio e, segundo a lenda, o Santo Graal foi talhado em uma esmeralda que caiu da cabeça do diabo.”

“A ametista roxa, segundo os gregos, foi a pedra na qual Artemis transformou a ninfa Ametis para que ela pudesse escapar ao desejo de Dionísio, o deus do vinho.”

“Poucas pedras preciosas, no entanto, são tão ricas em lendas como o jade. Para os maias, jade simbolizava o bem supremo e era utilizado para fabricar as jóias que enfeitavam as sepulturas de reis e personalidades. Conta a lenda que Montezuma, último imperador azteca, profetizou a chegada dos espanhóis dizendo que estes roubariam o ouro dos índios, mas não o jade: “Os deuses quiseram que eles não se interessassem pelo nosso jade. “Salvaremos o essencial”. (Ludmila Saharovsky)

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