Impressões Digitais – Carlos Guedes

(Guedes e Ignácio de Loyola Brandão)

Há alguns anos atrás, eu publiquei uma coluna na Revista Perfil Mulher chamada “Impressões Digitais”. Ela foi um sucesso, tanto que, depois, eu a relancei no Jornal “O Tablóide Cultural” de Jacareí e no jornal Saviver, da Vista Verde SJC. A idéia era apresentar aos leitores os meus amigos queridos, pessoas que eu admiro muito e respeito pelo talento e criatividade, através de uma brincadeira com palavras, como gosto.
Agora, virtualmente, eles estarão aqui, a cada semana, para que vocês que me visitam, também os conheçam. E, para inaugurar essas “Impressões Digitais” virtuais, trago para esse blog Carlos Bueno Guedes. Guedes, além de ser meu amigo de vida inteira, é a pessoa que mais entende de literatura e teatro aqui no Vale. Um homem de sensibilidade à flor da pele, uma pessoa linda, que se entrega à arte, diariamente, numa comunhão de corpo e alma!Jacareiense, poeta, autor e ator teatral, crítico literário, Guedes é um apaixonado por literatura, viciado em sebos, bibliotecas, teatro, cinema, música e poesia. Um beijo, Guedes!

Parafraseando Jabor… amor é prosa, sexo é poesia?
Sexo é poesia principalmente quando se consegue tocar na pele da palavra, buscando sua intimidade, numa caricia leve, incontida de fantasias.
Inspiração, respiração ou transpiração fazem um bom poeta?
Um bom poeta é aquele que transpira metáforas.
Como você preenche o vazio?
Fugindo para outros vazios e outras sombras, costurando cotidianos em retalhos de paixão.

Qual a justa medida da escrita?

Que a escrita seja esculpida entre blocos de barro, sangue, sonhos e pesadelos com palavras contidas, dominadas e antes de tudo sonhadas.
Qual o poeta mais completo?
Aquele que consegue tocar na face de seus espelhos.
O que faria se encontrasse Deus no pasto?
Falaria de estercos, flores e sementes.
Que conselho daria a um aprendiz de escritor?
Que ele nunca tente ser mais importante que as palavras e que leia muito… muito…
O que devora o homem?
Cultivar a ociosidade e aceitar passivamente o mundo sem questioná-lo.
Dor existencial tem remédio?
O remédio é aceitar o desafio de olhar pra dentro dela.
Que autor marcou sua trajetória?
Lucio Cardoso, Adonias Filho, Clarice Lispector, Octavio Paz, Dostoievski e muitos mais…
O melhor romance é aquele que….
Não te toca pelo vazio, mas pela sua totalidade existencial.
O que tira seu fôlego?
Correr atrás das palavras, elas sempre tem a possibilidade da fuga, são livres…
Qual percurso é mais tortuoso?
A vida.
A solidão é a melhor companheira?
Principalmente na escrita, pois consigo olhar-me de maneira universal.
Qual seria seu último ato entre quatro paredes?
Pintá-las com as cores da imaginação e nelas pendurar quadros e fotografias da memória formada de palavras e encantamento.
Como abastece a mente?
Amontoando idéias, fatos, notícias, repensando cotidianos, colando frases e principalmente acreditando no nada.
Ter fé é….
Não deixar de acreditar.

Santo de casa faz milagre?

Não! O milagre é sua eterna e vigiada solidão.

Arte se faz com…

Com criatividade e ousadia.
Defina o Vale do Paraíba
Um continente de pequenas ilhas, cortado por um rio que consegue apenas nascer dos sonhos dos peixes.
Sem talento….
A coisa fica difícil, mas não impossível.
Stanislavski ou Broadway
A música revolucionária da Sagração de Stanilavsky e um pouco dos sonhos da Broadway.
Como despertar os sentidos?
Tocando na pele dos sentimentos e olhando para o próximo num prenúncio de descoberta; tocando a casca da sensualidade sem medo da dor.
Mente poderosa é aquela que….
Trabalha em cima da lucidez, buscando entender… profundamente entender.
O que merece revisão urgente?
A cultura e a educação.
A poesia pode mesmo salvar o mundo? Como?
Pode. Invadindo pela transformação, transgredindo pelos sonhos, construindo pelo imaginário, salvando pela fantasia de poder existir, acima da mediocridade.
O que não dá para guardar?
Mentiras
Que caminho é mais produtivo?
O da via crucis de seu corpo em busca do significado.
Quem merece estar em foco?
Nero de Deus (um jovem e grande talento das artes plásticas do Vale)
Defina-se em uma frase: Eu sou…
Paciente com a vida, não me esgoto tão facilmente, porque ainda consigo sonhar.

Luciana disse:
BRAVO Guedes!Que delícia de entrevista! Nada como ser entrevistado por pessoas inteligentes, heim? Parabéns a você e a Ludmila, duas almas sensíveis e transgressoras!

Guedes dá um banho de talento em sua entrevista. Salve,MESTRE. Bom demais. Abração, Dyrce Araújo

Amada Amiga Ludmila
estou sem internet já algum tempo, tenho olhado alguma coisa no trabalho, senti um orgulho de ser lembrado e ficar visivel no seu blog que transmite tanta sensibilidade e um grande compromisso com as palavras. Hoje me senti um homem feliz,
foi uma luz de cores alegres que invadiu meu dia, me senti recompensado de ter você na minha vida de uma maneira tão especial. No momento estou preparando o Adagio Retirante com solo de violino para acompanhar, será no projeto EducaMais.
Quero sua presença como uma pessoa que é também minha mestre no anseio de trançar palavras em sonhos.Um grande abraço beijos e obrigado pela vida que voce sempre transbordou.
Guedes

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    2 pensamentos sobre “Impressões Digitais – Carlos Guedes

    1. Dez vezes magnífico Guedes! Você é mesmo a sensibilidade em pessoa. A semana passada estava lendo seus manuscritos e liguei para você, não obtive sucesso, não desisti, liguei para a Fundação Cultural de Jacarey e me informaram que você não estava lá. Você está muito difícil. Gente chic é outra coisa. Quem sabe um dia desses tire um tempo para conversar com essa sua pequena amiga das letras. Beijos meu amigo poeta. Tudo de bom para você.

    2. Meu querido amigo, sinto muitas saudades dos dias em que trabalhamos juntos no texto da Ludmila. Seu conhecimento em literatura e teatro foram muito importante para a realização do nosso espetáculo.
      Parabens pela entrevista, adorei!

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